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O PORTUGAL INVENTADO POR OLAVO DE CARVALHO NO "O JARDIM DAS AFLIÇÕES"
Este é o título da aula de hoje (21 Outubro 2024) do programa A República, retirado do meu artigo (2018) na minha página do Médium: medium.com/p/dc2f9d1ec44f
Olavo de Carvalho se auto-intitulava o inventor da direita nacional que, presumivelmente, deveria ter bases Ibéricas. No entanto, de modo antagônico, a direita dele preconizava (e louva) a cultura anglo-saxônica, portanto, rejeita por completo as matrizes formadoras do Brasil. Carvalho cria uma espécie de colonialismo mental político para a "sua direita".
O programa visa falar sobre os embustes teóricos que Carvalho inventou sobre Portugal e o Rei D. Afonso Henriques na sua obra "O Jardim das Aflições", tida como seu melhor livro.
O Jardim das Aflições se propõe a falar da idéia de Império, especificamente da Translatio Imperii, dentro da história do ocidente e, neste contexto, insere o autor a “história” de Portugal. Vejamos.
No O Jardim das Aflições”, 3 ed. página 284–285 temos a seguinte afirmação: […]“Em Portugal, Afonso Henriques havia subjugado os outros senhores feudais e criado um reino da noite para o dia- literalmente, já que, não contando com um exército numeroso, recorria ao expediente de saltar pessoalmente pela janela de seus inimigos, enquanto dormiam, e degolá-los na cama: ao despertarem, os servos e cortesãos eram informados de que o castelo tinha um novo senhor. Assim, de janela em janela e de pescoço em pescoço, nascera o reino de Portugal, segundo comentavam os juristas da época, quasi per latrocinium (não entendo o que queriam dizer com esse quasi)[…]”.
Neste curto trecho encontram-se primorosas bizarrices. Cito-as: 1) “Afonso Henriques havia subjugado os outros senhores feudais” [itálico meu]; 2) “criado um reino da noite para o dia- literalmente”; 3) “não contando com um exército numeroso”; 4) “de janela em janela e de pescoço em pescoço, nascera o reino de Portugal”.
O link para o artigo completo, está referenciado no primeiro parágrafo.
Fig. 1- "O Milagre de Ourique". Domingos Sequeira (1793). "O Milagre de Ourique" representa os momentos antecedentes da Batalha de Ourique e explicitamente a aparição de Cristo a D. Afonso Henriques que, segundo a tradição, lhe assegurou a vitória na peleja contra os mouros e nas futuras batalhas. "O Milagre de Ourique", que havia sido levado para o Brasil pela família real em 1807, foi redescoberto, em 1986, pelo historiador e crítico de arte José-Augusto França, no Palácio d’Eu, na Alta Normandia.
147 - 7
No vídeo de hoje do programa "Escola Aberta", falamos sobre a lenda "O Sonho de Paraguassu", uma das lendas mais antigas do Brasil.
Paraguassu foi uma mulher indígena, esposa de Diogo Álvares Correia, o náufrago português que nasceu em Viana do Minho, 1475 e faleceu em Tatuapara, 5 de outubro de 1557.
Diogo Álvares ficou conhecido como Caramuru, palavra tupi que significa moreia (talvez por ter sido encontrado em meio às pedras da praia e às algas), pelos Tupinambá da costa brasileira que o acolheram dentre os seus. Caramuru passou a vida entre os indígenas da costa baiana do Brasil e que facilitou o contato entre os primeiros viajantes europeus e os povos nativos do Brasil.
O chefe dos Tupinambá, Cacique Taparica, deu-lhe uma de suas filhas, Paraguaçu, como esposa. Catarina Álvares Paraguassu, mulher indígena, cujo sonho deu origem à lenda que ilustra o episódio do vídeo de hoje, tem seus restos mortais repousando na Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça, em Salvador, onde encontra-se no altar-mor a imagem de Nossa Senhora com a qual Paraguassu sonhou.
Imagens:
Episódio da vida de Caramuru, pintura de autoria desconhecida
Estátua Caramuru e Paraguaçu, em Viana do Castelo (Portugal)
Altar mor da Igreja e Abadia Nossa Senhora da Graça, em Salvador
91 - 3
AS 3 VIAS DE ACESSO AO CONHECIMENTO E A POLÍTICA
Texto baseado na aula "As 3 Vias de Acesso ao Conhecimento" do programa Culturas e Identidades que foi ao ar dia 12 Setembro 2024: https://www.youtube.com/watch?v=uD6-q...
Ninguém nega que os tempos atuais são sombrios. Onde está a Luz? Onde está a Verdade?
"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim" (João 14:6)
Há 3 Vias de acesso ao Conhecimento: a Via da Filosofia, a Via da Mística e a Via da Religião.
Uma Via é um Caminho. O Caminho faz-se caminhando. Há 2 formas de caminhar, através do Caminho da Porta Larga e através do Caminho da Porta Estreita. A escolha da forma de caminhar é nossa, exclusivamente. Somente uma delas nos levará à Verdade e à Vida. Deus não nos impõe o Caminho do ego, da Porta Larga. Ele é uma escolha, voluntária. E quando o escolhemos e "erramos", tenhamos a certeza de que Deus não castiga, corrige. Deus é Amor e Justiça, sempre.
Embora a política tenha pretendido desde o século XVIII fazer as "revoluções da consciência" para mudar o mundo, a política não é a Via para ampliar a Consciência de ninguém, essa Via é ou a Filosofia, ou a Mística ou Religião. Vias que os Filósofos políticos ajudaram a "desmontar", ou pensam. O resultado está ai, posto no mundo: a obscuridade, a sombra, o vazio, a violência, a desesperança, a desordem.
A política é uma expressão da Cultura vigente e não o inverso. Nós precisamos de pessoas melhores para o planeta e não para a política em si, de modo exclusivo e egocêntrico. A política perdeu o foco no SER do Ser Humano. Não há saída para esse labirinto autofágico e materialista.
Pois é, exatamente a partir dessa "escuridão" e por conta dela cuja sombra se projeta no mundo e nos seres que reencontraremos:
As 3 Vias de acesso ao Conhecimento: a Via da Filosofia, a Via da Mística e a Via da Religião.
Imagem: Charlotte Reihlen. Os dois caminhos, 1862. (O Caminho Largo e o Caminho Estreito).
119 - 4
A TEORIA DO RACISMO ESTRUTURAL E SÍLVIO ALMEIDA
O caso de assédio de Sílvio Almeida é estranho sob todos os aspectos, destaco 2 pontos obscuros que merecem foco:
1) Priscila Garcia disse, e muito bem: "As acusações contra Silvio Almeida EXCEDEM a dúvida RAZOÁVEL - palavra que vem de RAZÃO, como RACIONALIDADE. As acusações vêm de INÚMERAS PESSOAS, sem ligação entre si, de lugares diferentes e de pontos diferentes da linha do tempo: não é RAZOÁVEL que todas essas pessoas sejam parte de uma "conspiração" e estejam mentindo."
A ser verdade isto, ou seja, que o tipo era um assediador consabido, vou ao ponto 2) como é possível o governo Federal admitir um ministro sem levantar minimamente o passado dele? Tal ficha corrida não poderia ser "desconhecida" antes da posse, ou poderia? Se foi ocultada, foi por quem e por quê somente agora veio a público?
Almeida era defensor de uma teoria bizarra a do "Racismo Estrutural". O que vem a ser isso? Nas próprias palavras de Almeida: "o racismo estrutural é o racismo que está presente na própria estrutura social. Segundo essa concepção, o racismo não seria uma anormalidade ou "patologia", mas o resultado do funcionamento "normal" da sociedade." Trocando em miúdos, a sociedade seria uma "máquina produtora de desigualdade racial.
A teoria é canalha até o fim do Inferno, por vários motivos: a) advoga que somente os brancos são racistas e que as instituições permitem "privilégios" somente para a "brancura"; b) insere o conceito de "raça" na cultura e na história. A prática histórica da escravidão nunca teve relação com raça. O que a escravidão tem a ver com a origem e o surgimento das culturas?; c) afirma que as instituições criadas depois da Revolução Francesa são "racistas" na base; d) nega (aqui temos um ponto central) que a desigualdade seja fruto do capitalismo desenfreado e da louca luta de classes que a direita e a esquerda advogam e joga nas costas dos brancos (que viraram outra "raça") a causa da desigualdade. Ou seja, a teoria defende o capitalismo selvagem quando diz que o combate.; e) isenta os africanos, judeus, árabes, chineses, indígenas, tailandeses, coreanos, etc, de prática do "racismo" e da "escravidão" pq não são "brancos"?! Na África, na China, na Tailândia, no Japão, na Coreia, na Tasmânia, no Afeganistão, os ricos e os pobres são de que cor? A discussão do "poder" ou da "pobreza" ou da "escravidão" não passa pela cor.
Quando Almeida é defenestrado do cargo, com tamanha humilhação, isso serve a quem e para atingir o quê? O objetivo é atingi-lo ou à teoria da qual ele é o ventríloco nacional da sujeira internacional?
Teorias racistas transpõem a fronteira do Direito. Discutí-las somente à luz da Lei é um artifício diabólico. E quem historicamente criou as teorias racistas? A elite. Esta teoria do Racismo Estrutural, lida nas suas miudezas, é um desdobramento das teorias do século XIX, que servia aos endinheirados do mundo. Oras, mas a retórica não é exatamente o oposto? Que a teoria defende os desvalidos do sistema?
SE o "racismo estrutural é o racismo que está presente na própria ESTRUTURA SOCIAL, então, a teoria combate a FORMA da SOCIEDADE, certo? Pq segundo esta teoria a SOCIEDADE é PATOLÓGICA, pois, "o racismo não seria uma anormalidade ou "patologia", mas o resultado do funcionamento "NORMAL" da sociedade.". Qual a alternativa para romper com o racismo se a sociedade NORMAL é uma DOENÇA de raíz? Criar outra sociedade. Como? Com guerra, com revolução, guilhotinando, aprimorando o que já existe? Como? Quem são os teóricos dessa "Nova Sociedade" igualitária? Cadê as caras dessa gente?
Pisado no chão como verme, usado entre as discussões retóricas e hipócritas da direita e da esquerda, está o povo, sozinho.
O mundo só terá paz quando os filhos (direita e esquerda) da Revolução Francesa forem mandados para os quintos dos Infernos.
Imagem: Caio Gomes in Artigo: Racismo estrutural no Brasil, Correio Braziliense
124 - 12
DEUS, A BELEZA SUPREMA E O DINHEIRO
Texto extraído do programa O Conselheiro Acácio "Deus, a Beleza, Dinheiro e Política".
No canal IMUB do YouTube me chegou a seguinte questão (não foi a primeira vez): "Boa noite Loryel! Perdoe a ignorância, mas não é contraditório o fato da Igreja Católica sempre viver em meio a tantas riquezas e ostentações luxuosas em suas igrejas? E também continuar com os cargos remunerados de padres, bispos e etc?"
Respondi, brevemente:
"Pode parecer contraditório, mas, há uma perspectiva a ser considerada. A idéia de BELEZA (o Plano Estético Divino). Deus é a Suprema Beleza. Assim, a Igreja, no plano arquitetônico/artístico deve refletir nos seus monumentos a Beleza Divina. Substitua a palavra luxo/dinheiro por Beleza Divina (entendida aqui no sentido Filosófico e Teológico) e talvez vc possa começar um caminho de compreensão. No Islam, cuja arquitetura/arte (a meu ver) é muito mais sofisticada, tudo o que se refere a Allah reflete a Beleza Divina, e assim é em todas as Religiões. Por conseguinte, perceba, a Fortuna não é o Dinheiro. Deus não é Rico, Deus é a Fortuna. O mal uso do Dinheiro (a sua questão) não pode, portanto, ser confundido com a Beleza do Estado do Vaticano, que, de modo algum, "ostenta luxo". Assim, se o que para vc configura como "mal uso do Dinheiro" pela Igreja for a Beleza aquitetônica/artística dos seus edifícios, essa percepção parte de um completo desconhecimento e desentendimento do que é Deus e a Beleza Divina. Além dos edifícios, se existe o "mal uso do Dinheiro", onde vc poderia apontar o "mal uso do Dinheiro" pela parte Igreja? E de onde vc extraiu a idéia de que Bispos e Padres recebem salário? Não sei se me fiz entender."
Trouxe essa questão pq no pano de fundo ela toca no mínimo 2 pontos básicos:
1) A idéia de Beleza Divina e a Verdade. O Protestantismo (e suas variantes e dissidências) prima por uma arquitetura cuja Estética é "árida", seca, feia. Ali, o plano Estético material não faz nenhuma referência ao plano Estético Espiritual. Há uma ausência absoluta do Sagrado, do Transcendente e, mesmo assim, invocam a "presença" de Deus? A se perguntar, qual Deus? O do Antigo Testamento, Jeová. O Deus da Revelação, o Novo Testamento, é deitado fora. A Beleza e a Verdade Divinas caminham igualmente juntas no mundo material.
2) A idéia da Fortuna e da Caridade. Quem fala o tempo todo em Dinheiro (não em Fortuna para tudo e todos, não na Caridade Evangélica, mas, na Prosperidade neoliberal) dentro dos cultos religiosos, em como fazer os fiéis ficarem ricos, é a Igreja evangélica/protestante. A profusão de coachs, de influencers, de pastores louvando Dinheiro como o Deus verdadeiro é um clássico.
O combate consciente desses tipos de "cristãos" (e insiro aqui o Espiritismo com igual critica) à Igreja Católica revela o nó górdio da busca da destruição de parte da Ação Pastoral do Evangelho.
Na condição de não religioso entendo perfeitamente a gravidade caótica desse ataque e o que ele pretende destruir. Hoje virou moda atacar o Sagrado, em todas as suas Formas e expressões. Na ausência do Sagrado nos resta o quê ou quem? O Dinheiro e sua elite desprezível que vive de explorar a miséria e, para quem, o Ser Humano virou um produto a ser comercializado.
Abaixo compartilho um trecho da MENSAGEM DO PAPA PAULO VI
NA CONCLUSÃO DO CONCÍLIO VATICANO II AOS ARTISTAS/ 8 de Dezembro de 1965 e, em seguida, deixo o link completo:
"O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração. E isto por vossas mãos."
www.vatican.va/content/paul-vi/pt/speeches/1965/do…
Imagem: Francisco de Holanda, De aetatibus mundi imagines, Quarto Dia: criação do sol e da lua, fl. 6 r., 1547-
1551. Aquarela, 23,9 x 35,7 cm, Biblioteca Nacional de Madrid, Espanha.
99 - 11
O NOVO MITO POLÍTICO DA FALSA DIREITA
No Brasil tem-se o hábito (mau) de apresentar a história política nacional como sendo "independente" dos acontecimentos internacionais, criando a ilusão de que vivemos e somos uma espécie de "bolha", de "ilha" isolada do mundo. Essa atitude, estimulada pelas elites (oligarquia financeira, políticos, juristas, acadêmicos, etc), contribuiu para construir um cenário de distopia nacional, repito, distopia.
Distopia é uma patologia mental. Conceitualmente, é um "lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; anti-utopia". Aponto 5 traços característicos da sociedade distópica: poder político totalitário (mantido por uma minoria privilegiada), censura, privação de liberdades e condições dignas de vida, violência.
Parte da sociedade brasileira é distópica, está cognitivamente lesionada, em termos psíquicos. O reflexo disso sente-se em diferentes setores. O campo político é apenas um deles. O PIB é outro, porque não tem como dissociar a saúde mental de um povo da sua capacidade de produção. Trata-se de um problema de saúde pública, do presente e do futuro do Brasil.
No programa A República de hoje, 26/08, perspectivo que o viés dominante que estimula a pensar que Brasil é uma "ilha" que vive e existe sem depender de se relacionar com o cenário geopolítico mundial é um dos ingredientes da distopia nacional. Reitero (e repito desde 2016) que depois da eleição do miliciano (que esteve Presidente da República) qualquer criatura poderia vir a ocupar cargo político, pq, o miliciano foi escolhido à dedo (pelos militares e pela oligarquia financeira) exatamente por caracterizar a Destruição (com D maiúsculo). Ele foi o grande abre-alas da teoria da Estética da Destruição. Cumpriu de modo impecável o seu papel.
Dediquei inúmeros programas explicando sob diferentes formas o mito e messianismo político brasileiro como o grande câncer nacional, mantido e cultivado pelas elites como estratagema de domínio da política.
Agora, a falsa direita (e os poderes por trás dela) estão "fabricando" outro mito político: o coach goiano, infinitas vezes pior do que o miliciano, por várias razões que explico no programa.
Temos, em termos de Teorias as seguintes orbitando AGORA o cenário histórico-político nacional e, escalonadas segundo a ordem que apresento, em oitavas: 1) teoria do mito e messianismo político; 2) teoria do herói; 3) teoria da Teologia do Domínio e da Teologia da Prosperidade; 4) teoria da Economia da Atenção.
Por trás de todo esse cenário, temos a manipulação e controle das massas pela elite (financeira, militar, política, religiosa, empresarial). Com qual objetivo? Eis o ponto. As 4 teorias apontam para "além" delas mesmas. E é lá, na visão do "além", que vamos encontrar a geopolítica mundial atual.
Traçando um paralelo do que disse o Steve Bannon sobre o Trump "em breve sentiremos saudades do miliciano", pq o que vem por aí é infinitas vezes pior. Depois do fim do poço sempre tem um alçapão.
E os seguidores da BESTA seguem firmes e fortes dentro do Brasil.
141 - 18
A MONARQUIA PORTUGUESA E A TRADIÇÃO DO GRAAL
A aula "Tradição do Graal em Portugal (partes 1 e 2)" do programa Culturas e Identidades apresenta o tema geral da busca do Graal enquadrando-o dentro da literatura portuguesa e da Tradição (com T maiúsculo).
Temos, portanto, que precede a data da introdução deste tipo de literatura na Península Ibérica uma trajetória da Via Oral de transmissão direta que difunde as Matérias da Bretanha e o Graal. Assim, a trajetória da Palavra falada (de Boca à Orelha) para a palavra escrita revela, claramente, a presença da Tradição.
Os Reis portugueses (e a nobreza) acolheram, desde a primeira Dinastia de Borgonha, tal temática. As Cortes transformaram-se um focos intensos de cultura, para onde afluíam sacerdotes, monges, jograis, trovadores, sábios, filósofos, das mais diversas nacionalidade. O gosto pela Cavalaria, pelos livros, pelas bibliotecas, pela aquisição , cópia e feitura de livros, pela literatura foi foi altamente acentuado. Esse movimento perdurou durante séculos.
Consigna a maioria dos estudiosos do tema que foi sob o reinado de D. Afonso III que se iniciou um movimento fecundo de produção cultural das literaturas de Cavalaria que tomou conta dos círculos aristocráticos, após seu regresso da França para Portugal. Os autores argumental que essa "importação" deve-se à "ausência de uma tradição épica nacional autêntica, pelo menos até o século XIV, quando se registra a composição do Amadis de Gaula, a nobreza portuguesa foi buscar na cavalaria arturiana os seus modelos nobiliárquicos de heroísmo" (PEREIRA, Rita de Cássia Mendes. "Artur, Galaaz, e os Cavaleiros do Graal: modelos monárquicos de soberanis em Portugal séculos XII e XIII")
Por certo, tal perspectiva está correta, mas, parcialmente. Vejamos.
Antes de D. Afonso III temos D. Teresa de Portugal (também conhecida como Matilde, Coimbra, 1151 — Veurne, 6 de Maio de 1218), Infanta portuguesa, que, em virtude dos seus dois casamentos, se tornou Condessa da Flandres e Duquesa da Borgonha.
Influente desde cedo, ajudando o pai (Rei D. Afonso Henriques) e o irmão na governação após o desastre de Badajoz (1169), foi a primeira Princesa portuguesa a casar no Além-Pirenéus. Pode-se fazer a relação histórica entre a ida da Princesa Portuguesa para casar com o Conde da Flandres e o período de tempo em que o Conde está ocupado em defender o Condado herdado por ele como viúvo da sua 1a esposa e ocupadíssimo em idas e voltas à Terra Santa na defesa da Jerusalém Cristã que corresponde ao mesmo período em que um tal de Chrétien de Troyes (um autor anónimo visto que este não era o nome de ninguém " o Cristão que vive na cidade de Troyes") escreve a obra "Perceval ou Conto do Graal" onde finalmente há a referência a um "Gradual" que depois se tornou "Graal". Claramente a obra é escrita durante a ausência de Filípe de Alsácia, Conde da Flandres, e durante o período em que a Condessa da Flandres (a Princesa Portuguesa filha do 1o Rei dos Portugueses e de Portugal) é Senhora e Governadora do Condado da Flandres, tal como ela já tinha sido em Portugal, ajudando o seu Pai (D. Afonso Henriques) no governo do Reino de Portugal. O Condado da Flandres era o Condado mais rico da Europa: o mais rico e não o mais poderoso (o Ducado da Borgonha era o mais poderoso de toda a Cristandade) nem o mais culto (a Sabedoria e a Cultura estava toda em Roma e irradiava de Roma para toda a Europa).
Muito embora Chrétien de Troyes (" o Cristão de Troyes") dedique a obra à Filipe da Alsácia, ele não estava presente em França na altura, e ela foi escrita na Corte de D. Teresa. As investigações em torno da Condessa da Flandres abrem novas perspectivas, ao mesmo tempo que reformulam a idéia da "importação" do Graal por D. Afonso III.
Assim, desde o início da nacionalidade portuguesa, o tema do Graal faz parte do ideário missionário da Monarquia, destaco, nesse sentido, D. Teresa, D. Afonso III, D. Dinis, D. João I, D. Nuno Álvares Pereira, Fernão Lopes, etc. As linhas de transmissão escrita do Graal em Portugal encontram-se me Monarquia/Aristocracia-Ordens Monásticas e de Cavalaria-Cronistas-Literaturas de Cavalaria.
O tema do Graal fala de um mundo dilacerado, caótico, quase morto, pela ausência da Tradição. O Graal é a demanda para repor a Ordem e a Vida.
Imagem: D. Teresa de Portugal, Condessa da Flandres. "Genealogia dos Reis de Portugal".
99 - 7
Como Estudar a História de Portugal: AS 7 LINHAS TEÓRICO-CONCEITUAIS
A história de Portugal (e, por conseguinte, do Brasil) gira em torno de um EIXO (o tronco) teórico ordenador com 7 ramos principais. A historiografia brasileira trabalha a história do Brasil desconectada da história da Coroa Portuguesa e omite por completo a existência deste EIXO cujo "organograma geométrico" assemelha-se a uma árvore de onde saem 7 ramos formando a copa, as flores e os frutos. No vídeo "Como Estudar a História de Portugal", apresentamos quais são esses 7 ramos:
1) A Cristofania de Ourique
2) A Teoria das 3 Idades do Mundo de Joaquim de Fiore
3) Ordens Militares e de Cavalaria
4) A Translatio Imperii e a Terceira Roma
5) Os Descobrimentos Marítimos e sua Mística
6) A Teoria do V Império e a Sebástica Portuguesa
7) O Messianismo Político
Imagem 1: Visão de Ourique por D. Afonso Henriques. "Tropheus Lusitanos", Agostinho Soares Floriano.
Imagem 2: Arca da Aliança carregada para Portugal. Igreja da Misericórdia, Cascais
Imagem 3) Caravela com Cruz Ordem de Cristo
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AS GRANDES ETAPAS E AS VERSÕES LITERÁRIAS DA BUSCA DO GRAAL:
1) "Perceval ou le Conte du Graal" (Perceval, ou o Conto do Graal) é um romance inacabado de Chrétien de Troyes. Escrito provavelmente entre 1181 e 1191, foi dedicado ao patrono do escritor, Filipe da Alsácia, conde de Flandres.Chrétien havia trabalhado na obra a partir de escrituras fornecidas por Filipe. O poema relata as aventuras do jovem cavaleiro Perceval.
2) "Joseph" ou "Grande História do Graal", Robert de Boron.
"Robert de Boron foi um poeta francês que viveu entre os séculos XII e XIII. Nasceu provavelmente no vilarejo de Boron, no Território de Belfort, na França. Teria pertencido à corte de Gautier de Montbeliard, Senhor de Montfaucon. Segundo uma menção nos seus livros, também teria sido clérigo.
Boron foi um importante autor de livros sobre as lendas arturianas. Dentro dessa temática foi o autor de duas obras em versos octasílabos, "José de Arimateia" e "Merlim", sendo que este último apenas sobrevive em fragmentos e em versões em prosa. Acredita-se que esses dois livros tenham sido parte de uma trilogia ou tetralogia, que incluía um livro sobre o cavaleiro Persival e, possivelmente, um livro sobre a Morte de Artur.
Boron foi o primeiro escritor arturiano a dar ao mito do Santo Graal um sentido cristão. De acordo com ele, José de Arimateia usou o cálice sagrado - o mesmo da Última Ceia - para coletar as últimas gotas do sangue de Jesus Cristo na cruz. Ainda de acordo com essa história, José emigrou depois com sua família à Grã-Bretanha, onde guardaram o Graal até a chegada de Persival."
3) "A Busca do Santo Graal", atribuído a Gautier-Map
"Esta busca, redigida por volta de 1220-1230, é dita cisterciense porque reflete incontestavelmente as preocupações teológicas da ordem de São Bernardo e traduz uma "retomada" da cavalaria ocidental pela Igreja".
"É na obra de Robert de Boron que o mito retrocede no tempo até chegar a Cristo e à Última Ceia. José de Arimateia era um judeu muito rico, membro do supremo tribunal hebreu - o Sinédrio. É ele que, como descrito nos Evangelhos, pede a Pilatos o corpo de Jesus para ser colocado em um sepulcro em suas terras .
Boron conta que certa noite José é ferido na coxa por uma lança (perceba também, sempre presente, as referências às lanças e espadas, símbolos do fogo tanto nas histórias de Jesus como de Arthur). Em outra versão, a ferida é nos genitais e a razão seria a quebra do voto de castidade. Este fato está totalmente relacionado à traição de Lancelote que seduz Guinevere, a esposa de Arthur. Após a batalha entre os dois, a espada de Arthur, Caliburnius, é quebrada - pois é usada para fins mesquinhos - e jogada em um lago onde é recolhida pela Dama do Lago antes que afunde.
Depois lhe é oferecida outra espada, esta sim, Excalibur. Somente uma única vez Boron chama a taça de Graal. Em um inciso, ele deduz que o artefato já tinha uma história e um nome antes de ser usado por Jesus: "eu não ouso contar, nem referir, nem poderia fazê-lo (...) as coisas ditas e feitas pelos grandes sábios. Naquele tempo foram escritas as razões secretas pelas quais o Graal foi designado por este nome".
José de Arimateia foi, portanto, o primeiro custódio do Graal. O segundo teria sido seu genro Bron. Algumas seitas sustentam que o Ciclo do Graal não estará fechado enquanto não aparecer o terceiro custódio. Esta resposta parece vir com "A Demanda do Graal", de autor desconhecido, que coloca Galahad como único entre os cavaleiros merecedor de se tornar guardião do Graal."
4) "Parzival", Wolfram von Eschenbach
Essa versão é inspirada por Chrétien de Troyes mas tem influência de outras fontes sobre cuja origem os investigadores divergem. Tem influências indoiraniana e céltica.
Em "Parzifal", Eschenbach coloca na mão dos Templários a guarda do Graal que não é uma taça, mas sim uma pedra: "Sobre uma verde esmeralda. Ela trazia o desejo do Paraíso: era objeto que se chamava o Graal"!
Para Eschenbach, o Graal era realmente uma pedra preciosa, pedra de luz trazida do céu pelos anjos, numa clara referência à esmeralda na testa de Lúcifer.
Imagens:
1) A Dama do Santo Graal, Dante Gabriel Rossetti
2) Perceval, Chrétien de Troyes
3) Afresco de José de Arimatéia e seu cajado na pequena capela de Saint Patrick, nos jardins da antiga Abadia de Glastonbury
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ROMANCES DE CAVALARIA EM PORTUGAL
Segue lista das obras de Cavalaria citadas na áudio-aula "A Tradição do Graal em Portugal" -parte 1, do programa Culturas e Identidades que foi ao ar dia 08/08/24. Elas fazem parte do Catálogo de Pascual de Gayangos y Arco (1857):
1) Crónica do Imperador Clarimundo, João de Barros (Coimbra, 1522).
2) Leomundo de Grécia, Tristão Gomes de Castro (manuscrito), editado em Espanha no séc. XXI (Aurelio Vargas Díaz-Toledo, es: Leomundo de Grecia).
3) Palmeirim de Inglaterra, Francisco de Moraes Cabral (Livro I, Toledo, 1547, e Livro II, Toledo, 1548)
4) Triunfos de Sagramor (Segunda Távola Redonda), Jorge Ferreyra de Vasconcellos (Coimbra, 1554)
5) Duardos de Bretanha, Diogo Fernandes (Lisboa, 1587)
6) Clarisol de Bretanha, de Baltasar Gonçalves Lobato (Lisboa, 1602)
7) es:Crónica de Don Duardos de Bretaña, Gonçalo Coutinho (ca. 1560 - 1634 ou 1639), editado no Brasil no séc. XXI.
8) Cavalarias de Dom Belindo ou Crónica do Imperador Beliandro, da condessa da Vidigueira, Leonor Coutinho de Távora, ou antes de Francisco de Portugal (1585-1632)[2](manuscrito)
9) Aventuras do gigante Dominiscaldo, Álvaro da Silveira (manuscrito)
10) História do espantoso cavalheiro da Luz , Francisco de Moraes Sardinha (manuscrito)
A "Crónica do imperador Clarimundo" narra donde descendem os reis de Portugal. A obra descreve um modelo de excelência régia segundo a Cavalaria, propondo um Eixo ordenador da regência do, no e para o mundo. Fonte: A Prymeira parte da cronica do emperador Clarimundo donde os Reys de Portugal desçendem: retórica e ensinamento moral na crônica de João de Barros, Flávio António Fernandes Reis (2013)
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-2907…
Imagem: "Crónica do Imperador Clarimundo", João de Barros. Portada da editio princips de 1522- Biblioteca Nacional de Madri- R 11727.
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