Qual é a cara de uma doença crônica? Qual a cara de uma doença neurodegenerativa? É o motorista do uber? A moça que tá no caixa do mercado? Seu vizinho? A moça tatuada de batom vermelho sorrindo nas fotos? Somos raros, mas somos muitos. Minha vida mudou numa quarta-feira. A quarta-feira em que acordei saudável e fui dormir em uma emergência, tomada de acesso e remédios. Múltipla. Múltiplas cicatrizes, múltiplas lesões. Esclerose. A minha? O tipo mais raro que tem. O choro. O luto. Foram cinco dias de renascimento. Um parto que durou em torno de 120 horas. E então, uma outra Juliana. Em frente. Enfrente. Na face do medo e da incerteza, se mergulha no oceano profundo que tem em si. E é preciso coragem para retornar à superfície. Retornei. Nova. Outra. Luto? Não, luta. No mais profundo oceano dentro de mim, encontrei chamas. Medo? Fogo não tem medo. Em chamas e brasa, renasci. Abri os olhos, olhei pra frente e percebi. O mundo tá só começando. Vem comigo?